Contribuição
ao Debate
Cássio Ritter
Companheiros e Companheiras,
Faltando
dois meses para o final do ano, é preciso fazer um
balanço, mesmo que parcial, da atividade do nosso sindicato à luz de uma
situação política que se agrava tanto em nível nacional quanto no Estado.
Um
ano após a vitória de Dilma do PT no 2º turno, a situação é alarmante. O
compromisso de avançar as reformas populares como a política, a agrária,
tributária, urbana, entre outras – foi deixado de lado.
Enquanto
isso, situação social se deteriora com o ajuste fiscal do ministro Levy para
fazer superávit primário e pagar os bancos. Juros ainda mais altos, novos
cortes e restrições aos direitos. O IBGE já registra mais 1 milhão de
desempregados no último ano. Os patrões aproveitam para impor reajustes
salariais abaixo da inflação. Programas sociais, como Minha Casa Minha Vida e
Farmácia Popular, são reduzidos. Estados e municípios estão em dificuldades. O
país afunda na recessão. A política econômica executa pontos do programa dos
derrotados. As conquistas dos anos anteriores estão sendo revertidas. A
frustração derruba a popularidade da presidente.
De
outro lado, justiça, os procuradores e a Polícia Federal, com o apoio dos
barões da mídia, utilizam a Operação Lava Jato – usando delações premiadas e a
tortura psicológica que deviam ter acabado com a ditadura – para, a pretexto do
combate à corrupção, atacar a organização dos trabalhadores e a economia
nacional.
É
nessas condições que o golpismo avança, na oposição oficial e na coalizão de
governo.
Chegamos a uma situação de limite!
Na
última sexta feira, no Congresso da CUT, Dilma convocou os trabalhadores a
enfrentar o impeachment. Os dois mil delegados não hesitaram em defender o seu
mandato, assim como exigiram a mudança da política econômica de juros, cortes e
superávit ("fora Levy!", repetiam).
Está
passando da hora de fazer a coisa certa! Dilma tem que mudar essa política
econômica e demitir Levy!
Aqui
no RS, Sartori, na onda do Ajuste de Levy, tentar ir ainda mais longe. Nós
ocupamos nosso lugar. Enfrentamos seu plano de ajuste em unidade com os outros
servidores e por isso mesmo, Sartori, até agora, não conseguiu leva-lo até o
fim.
A
unidade que forjamos em ações comuns reuniu 50 mil trabalhadores em Porto
Alegre e outros milhares nas cidades do interior do Rio Grande do Sul. Mas, não
foram poucas as tentativas de repetir a fracassada tática de “greve de
vanguarda”, no entanto, nossa categoria não embarcou na falsa radicalidade do
isolamento.
Sartori
criou o caos e tentou convencer a sociedade da urgência de seus projetos, não
conseguiu. O governo aprovou o aumento do ICMS na Assembleia Legislativa por
apenas um voto; patina no andamento do PL 206 - Lei de Responsabilidade Fiscal
Estadual (LRF-E) - e sua reforma da previdência, depois de uma votação a portas
fechadas com a Assembleia cercada pela polícia será questionada no Judiciário.
Desde
o início, sabíamos que se tratava de uma luta de fôlego. Entramos e saímos da
greve com nossa capacidade de mobilização preservada. Os núcleos que apostaram
na defesa da unidade e no respeito às instâncias sindicais cresceram e se
fortaleceram junto à categoria. Nosso sindicato recebeu milhares de novas
filiações.
Agora,
nessa nova etapa de nossa luta, será preciso ampliar o debate sobre as
consequências do PL 206 (LRF-E) junto à comunidade escolar e assim ampliar a
mobilização trazendo os pais e alunos.
Toda
a população precisa saber que o ajuste compromete a qualidade na educação em
particular e dos serviços públicos no geral. É urgente envolvermos a comunidade
escolar, os pais dos alunos, os grêmios estudantis na mobilização para
derrotarmos de vez Sartori.
O
lugar da CUT na luta que travamos foi inquestionável. Na hora em que mais
precisávamos, a Central ajudou a enfrentar a fúria privatizadora do governo
Sartori.
Fica
evidente a necessidade da refiliação do CPERS à CUT para reconstruirmos
plenamente a unidade com toda a classe trabalhadora.
Se
por um lado nossa luta até agora preservou nossas forças e nos preparou para
esta nova etapa, não podemos aceitamos o congelamento de salários! Continuamos
exigindo a plena aplicação da Lei do Piso.
Nossa
campanha salarial deve integrar a defesa da Petrobras e a regulamentação dos “royalties”
do petróleo para a educação pública. Devemos exigir o fim dos cortes no
Ministério da Educação do Ministro Levy e, se necessário, mais recursos da
União para complementar o pagamento do Piso Nacional.
E,
sob essa base, o CPERS, sindicato, deve se integrar na construção dos Conselhos
da Frente Brasil Popular, constituída em Belo Horizonte, no início de setembro,
para lutar com base em três Eixos: defesa da democracia, por outra política
econômica e em defesa da Petrobrás.
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